Wednesday, May 7, 2008
 
BALANÇO 2007 #2
MOMENTOS NEGATIVOS
• A ideia que Portugal está inevitavelmente encalhado na cauda da Europa. Diga-se de boa verdade que as últimas governações não têm facilitado o fim do pessimismo reinante. Será que o dinheiro na carteira do povo facilita a inversão das estatísticas? Humm! Um mistério para os políticos!
Já agora, repararam no regresso de Santana Lopes?!? É preciso lata!!
• A misantropia das majors que continua a não iluminar o caminho para o futuro ou o conformismo estático das editoras perante a revolução do mp3. Prince e Radiohead foram os mais recentes murros na barriga do moribundo.
• A saloiice intelectual dos governantes que exigem mais música portuguesa na rádio. As cotas poderão forçar as playlist's mas o público pode continuar a não gostar da péssima música que se produz em alguns quadrantes da nossa pop/rock. Para quando cotas mínimas para mais programas de música na TV?
• Rapto ou morte? Pais McCann: vítimas ou assassinos? O que é feito de Maddie? Devolvam Maddie! Um ano fabuloso para o jornal 24 Horas. Nunca se viu tanta especulação e palermice mediática num jornal só. Já agora um agradecimento às televisões que muito contribuíram para o aumento do entretenimento informativo. Bem dita hora que os McCann visitaram Portugal...
• Um insulto muito especial para o meu sócio que acertou nos 5 números do Euromilhões na semana em que não registou o boletim da sorte.

MOMENTOS POSITIVOS
• Para muitos o Dance Stacion pode não ter sido o mais interessante dos festivais de Verão mas o serão passado entre a estação do Rossio e o Coliseu dos Recreios marcou-me a memória. E acho que fiquei a dever dinheiro a alguém...
• A edição de Alive 2007 dos Daft Punk. Voltou-me à memória o espectáculo magnífico no Sudoeste do ano passado.
• Dr. House foi a grande descoberta do ano na TV. Referências elogiosas para outras grandes séries de televisão: Heroes, 24, Prison Break e já agora Betty Feia. Em Portugal nota positiva para os Gato Fedorento (a melhor sátira politica) e A Guerra (documentário de Joaquim Furtado sobre a Guerra Colonial).
• Destaque para uma série de grandes músicas que enriqueceram o panorama musical em 2007, eis algumas: Pinch “Brighter Day” (ft. Juakali), Bob Marley & The Wailers “Don’t Rock My Boat”(Stuhr Remix), Sharon Jones & Dap-Kings “01 100 Days, 100 Nights”, Christian Prommer “Strings Of Life”, Kanye West “Good Morning”, The Field “Mobilia”, Pantha Du Prince “Saturn Strobe”, The Midnight Juggernauts “Into The Galaxy”, Moodymann “Technologystolemyvinyle”, Hot 8 Brass Band "Sexual Healing", Bonde do Role "Gasolina" (Buraka Som Sistema Remix), Kode 9 "Magnetic City", entre outros que a memória atraiçoa.
• Grandes discos em 2007: o inevitável Untrue de Burial, Matthew Dear, M.I.A, Bjorn Torske, Nostalgia 77, Justice, Cobblestone Jazz, The Cinematic Orchestra, Boys Noize ou Ebb. Para o ano há mais.



BALANÇO 2007 #1
Num ano particularmente pouco inspirado, estes são alguns dos discos que mais sobressaíram. A escolha é pessoal e obedece a critérios subjectivos. Há quem concorde, e na mesma proporção, quem discorde.
Com o apanhado dos melhores discos (e daqui a poucos dias os Momentos e as Canções 2007), a missão por este ano fica concluída. 2008 está aí. Ano novo, vida nova, discos novos... e daqui a um ano listas novas.
Live, long and prosper.

1. Burial – Untrue
Poder-se-ia acreditar que depois de Burial (2006) que haveria pouca margem de manobra sonora para um segundo disco, especialmente preparado em tão pouco tempo. Mas resposta não tardou. Untrue mantém os princípios do disco inaugural (atmosferas densas e sombrias, fantasmas soul que vocalizam amarguras, geometrias 2-step exactas) sem que para isso se conclua que é mais do mesmo. Há elementos transgénicos que são subtilmente introduzidos na matriz. Burial baralha a tabela periódica com a preocupação de não desencadear reacções químicas explosivas. Trabalha obsessivamente na sua música madrugada fora. É perfeccionista quando tem noção que tem em mãos um som único não só reverênciado pelo público dubstep, como também por uma massa de gente que supostamente nem lhe deveria achar o mínimo de graça. Untrue é sem dúvida sombrio e fantasmagórico, mas também iluminado e transversal.

2. Nostalgia 77 - Everything Under the Sun
Entre o sentido urgente de regresso aos clássicos e a necessidade do exercício de libertação espiritual, o quadro aqui eloquentemente oferecido proporciona uma rara narrativa onde a liberdade toma as redias da acção dramática. Não se supõe as consequências para o futuro, apenas que ele ganhará com a magnífica interacção dos músicos falsamente convidados ou as vozes magistrais que enriquecem os conceitos do produtor. Lizzy Parks é prova evidente dessa ideia logo no início do disco (“Wildflower”) quando nos invade o espaço com uma promiscuidade vocal entre Carole King ou Ella Fitzgerald. Uma vez captada a atenção inicial e encontrado o desejo de descoberta, o resto sente-se enquanto a envolvência orquestral nos embala a alma e o ritmo nos massaja a acepção que temos da realidade.

3. Matthew Dear - Asa Breed
Do Michigan chega o perfeito exemplo da extraordinária capacidade de estruturar pequenas canções pop – algumas a sonhar com o Verão – e simultaneamente promover o lado mais hedonista da música. No início Dear propõe-se a desbravar os ideais tech-house que orientaram a música nos dois primeiros discos – especialmente Backstroke (2004) – para depois dedicar-se à eloquência de uma tech-folk camuflada, quente e inspirada. E à medida que caminhamos para o fim perdemos um pouco a noção do papel que o techno ou o house desempenham. Mas no gume entre a especulação da gramática pop, o experimentalismo high-tech – umas vezes iluminado, outras soturno – e o prazer de fazer boa música, encontra-se a mais-valia que realmente trás ao mundo um facto estético capaz de devolver clarividência à humanidade.

4. M.I.A. – Kala
A diversidade é uma das mais-valias de M.I.A. Kala representa a irreverência da sua autora, que não resiste às palavras fortes para transmitir mensagens politicas. Representa uma viagem que a levou aos quarto cantos do mundo (India, Trinidad, Jamaica, Austrália e Japão) numa demanda espiritual. Representa um lado selvagem e agressivo que ao mesmo tempo deseja veemente a glória e a vingança. É uma música irrequieta e festiva que não poupa nem no “cravo” nem na “ferradura”. Ou não fosse o ímpeto tribal Tamil uma marca no código genético de M.I.A. e simultaneamente um elemento fundamental na transformação de muitos dos elementos pop em lanças eficazes. Kala é uma das marcas de autor mais originais do ano.

5. Justice – †
† (Cross) é para muitos o mais pertinente registo a sair dos campos Elísios desde Homework. Antes mais recupera o espírito aventureiro e rebelde do disco de estreia dos Daft Punk. Depois devolve nesta década o charme do french-touch sem que realmente se preocupe com essa designação. † é festivo na mesma proporção que é inventivo na tentativa de construção de uma linguagem de autor. É electro, é funk, é house, é disco mas também uma simbólica ambição de ser um registo rock onde os sintetizadores substituem competentemente as guitarras. Será em última instância uma das poucas consequências positivas do malogrado electro-clash. Ou talvez não. Seja como for os Justice são os meninos bonitos da actual música francesa que uma vez mais se vê representada no mundo por dois jovens e ambiciosos produtores.

6. Cobblestone Jazz - 23 Seconds
Em 23 Seconds o efeito hipnótico das espirais caleidoscópicas reserva momentos raros de transe onde a condição humana não é substituída por infindáveis ligações mecânicas ou bites e bytes em excessos repetitivos. 23 Seconds é em muitos aspectos a evolução da consequência do encontro da matemática sonora dos Metamatics (no início), da experiência techno-jazz humana de Jonah Sharp no Spacetime Continuum de Emit Ecaps e da sabedoria geométrica da velha escola IDM. Ou seja, uma consequência natural da mutação da memória e da destreza de alguma inovação. Um momento inteligente e complexo que servirá competentemente quem procura soltar as amarguras na pista de dança ou opta pelo sofá para espantar os espíritos alienígenas.

7. Bjorn Torske - Feil Knapp
Os devaneios são saudáveis, charmosos e expressivos. A música evoca liberdade e uma melancolia sã, ela revela o tempo que calmamente levou a ser preparada – o último disco de Torske data de 2001. Tudo o que é exposto ouve-se num ápice como se se tratasse de uma música propositadamente light e de consumo instantâneo. A abrangência estilística é deleitante e eloquente, visivelmente resultante de uma inteligência que tem noções claras de como a operação em estúdio deve decorrer – e de como se devem atingir os objectivos. Bjørn Torske tem finalmente mérito próprio, soube decompor a matéria e teve tempo para a digerir. Transmite uma sensação de ingenuidade mas sabe bem que aí reside a mais-valia de um som que vê uma série de partículas assentarem no sítio certo. O espectro de Feil Knapp é integro e de muito bom gosto.

8. Kalabrese – Rumpelzirkus
Um sonho infantil pode abrir espaço a uma arena onde os sons vagueiam à sua vontade. Mas quando soa o apito final, todos esses sons sabem ocupar o lugar correcto no tempo e espaço. Rumpelzirkus não será certamente o facto estético pelo qual todos almejamos, mas a aparente inocência a que nos sujeitamos num disco – talvez excessivamente longo – que tanto alude à nostalgia dos tempos mais pop de uns Underworld, os dias mais carismáticos de Herbert ou à melancolia de David Sylvian e abraça simultaneamente, de forma coerente, a gramática da música destes últimos tempos, já serão motivos de sobra para escutar todos estes deliciosos malabarismos.

9. The Cinematic Orchestra – Ma Fleur
Ma Fleur marca a viragem do colectivo para outros quadrantes. A folk e a pop passam a fazer parte do léxico. A eloquência jazzistica mantêm-se, a humilde ambição de escrita para um filme também. O piano ganha visibilidade num sector folk, tal como a guitarra acústica. Os ambientes melancólicos sentem-se na pele. E as vozes de Patrick Watson ou da repetente Fontella Bass asseguram-se de que o arrepio é eficiente. Ma Fleur é um mimo intimista que muitos estranharão ao início, mas o tempo acabará por provar que a viragem talvez tenha sido a melhor opção num período menos feliz para o nu-jazz e cada vez mais favorável à nova folk.

10. Boys Noize – OiOiOi
Oi Oi Oi representa o segundo passo consistente na tentativa de redifinição do paradigma Homework vs Human After All – a seguir aos Justice, naturalmente – ou seja techno-house em colisão directa com uma atitude punk-rock. Por entre os exercícios robustos de regozijos ácidos, apresentam-se peças experimentais que procuram um espaço próprio no universo de Boys Noize. Um espaço relativamente indefinido, negro, duro, áspero, longe do electro/funk habitual e parcialmente oposto aos momentos mais festivos. Oi Oi Oi devolve o vigor, o som e o barulho que as colunas julgavam ter perdido quando se instalou a moda do minimal. É o regresso às pistas dança de uma energia destorcida, intrépida e contagiante.

11. Ebb – Loona
Não viveremos em Loona o absoluto reconhecimento de um novo mundo, agora já podemos viver na necessidade de descobrir, quanto antes, um disco pop que agradará a quem encontrou nos Junior Boys o ideal de canção perfeita. Frio por fora e quente por dentro, Loona reconforta-nos com a sua delicadeza natural, embala-nos a alma com a sua monção poética e derrete o gelo sem grandes contrariedades. Nem se esperaria mais em tempos de aquecimento global.

12. Common - Finding Forever
Entre a revolta interior, a alquimia que permite melancolia e a alegria, retratos urbanos, banalidades sociais e a necessidade da inspiração religiosa, Common volta a ser certeiro na proverbial expressão dos seus sentimentos. Uma vez mais Kanye West serve de base para uma produção imaculada, não muito aventureira mas proficiente o suficiente para que a alma se expresse com eficiência. “Start The Show” e “Forever Begins” são prova disso mesmo quando de uma forma quase sublime nos encantam com uma linguagem hip hop e soul muito acima da mediocridade que reina no meio. Talvez a própria distancia entre Detroit e Hollywood seja um factor essencial para que não haja contágios com o burlesco que a industria manipula.

13. Yestersday New Quintet - Yesterdays Universe
Yesterdays Universe
é um empilhamento sonoro impressionante, tanto nas referências - que podem ir de Sun Ra a Miles Davis, do samba ao blaxpoitation -, na forma como a produção sobrepõe sons de forma caótica mas que no fundo cria uma massa jazz robusta ou ainda nas diversas vertentes de um jazz inconformado que criam uma homogeneidade estética sem paralelo nos últimos tempos. É certamente um disco que não entra com facilidade, nem se sente de imediato. Mas depois de descoberto provoca arrepios na espinha e deglute-se com um prazer inestimável. E se não ignorarmos o facto de nada naquele grupo de pessoas criados por Otis Jackson Jr. ser verdadeiro, nada como nos sentir enganados de vez em quando para apreciar um projecto de fantasmas que "tocaram" até hoje a melhor música produzida por Madlib.

14. Solal - The Moonshine Sessions
As músicas de The Moonshine Sessions são no mínimo pequenas pérolas que representam a forma argilosa como Solal encara, abraça e adapta sem preconceitos a música country. The Moonshine Sessions é em espírito uma ode à musica popular tradicional norte americana com poucas, ou mesmo nenhumas, ligações ao panorama da actual musica popular produzida na Europa, muito menos – como os projectos anteriores – um entrelaçado de sons electrónicos. A elegância destas músicas distingue-se pela formalidade com que se apresentam ao mundo. E se na mente ecoam memórias de velhos titãs – Johnny Cash, Neil Young – em busca de novos acordes, não deixará de ser interessante, e mesmo pertinente, que Solal evoque a escrita clássica enquanto os novos talentos do country local esconjuram os princípios activos do blues e da melhor white soul music.

15. Juba Dance – Orange
Pelo tempo e espaço que proporciona a um conjunto de temas, distribui sabedoria na construção melódica quando integra o conhecimento de velhos mecanismos na base dos samplers e dos sintetizadores, na versatilidade dos instrumentos de sopro, na obsessão dramática das orquestrações ou na desenvoltura rítmica apropriada – com fundamentos no electro-funk old school ou nos beats nascidos nas ruas do Bronx – e simplifica o resultado final sem descrédito para nenhum dos ingredientes que compõem esta calda eloquente. Por isso Orange é mais uma das poucas provas que testemunham a qualidade da versatilidade do hip-hop em dias cinzentos e quadrados.



JUBA DANCE
Orange
A promiscuidade e a especulação são com frequência as armas essenciais na maquinação de um punhado de temas inspirados pelo gosto da aventura. E considerando-se de imediato que o presente ano não tem sido dos mais estimulantes no que diz respeito ao hip-hop, não deixará de ser pertinente que na recta final de 2007 surja com alguma espontaneidade o disco de estreia de um projecto denominado Juba Dance que, além da capacidade integrar no seu hip-hop transversal um sem número de tipologias, renova com gosto a sinceridade do debate sonoro em quadrantes perdidos no passado.
Apresentando-se com a maior descrição possível, como se de um qualquer desporto amador se tratasse, a dupla Benjamin Lamar – multi-instrumentalista de Chicago a residir no Rio de Janeiro – e Polyphonic The Verbose (aka Will Freyman) relembra com este disco a necessidade do hip-hop interagir culturalmente com outras linguagens que não só reforcem o carácter especulativo do género urbano, mas também aumentem a sensibilidade do verbo para novas semânticas sonoras – para além Gil Scott-Heron. Só assim poder-se-á entender a naturalidade da promiscuidade positiva de caixilhos sonoros que interligam a música do Brasil ("Tomorrow"), o velho blues ("Willow Blues"), o groove psicadélico ("Cachaca"), o jazz ("Message from Cham") ou os tons afro-cubanos ("Fisherman's Jig") numa única matriz que tem no hip-hop e no r&b os elementos unificadores e no dom da palavra a inteligência e a integridade.
Não será peça única nem uma das mais raras, mas Orange parte e reparte com instinto instigador o espírito e a memória como há muito não se ouvia. Pelo tempo e espaço que proporciona a um conjunto de temas, distribui sabedoria na construção melódica quando integra o conhecimento de velhos mecanismos na base dos samplers e dos sintetizadores, na versatilidade dos instrumentos de sopro, na obsessão dramática das orquestrações ou na desenvoltura rítmica apropriada – com fundamentos no electro-funk old school ou nos beats nascidos nas ruas do Bronx – e simplifica o resultado final sem descrédito para nenhum dos ingredientes que compõem esta calda eloquente. Por isso Orange é mais uma das poucas provas que testemunham a qualidade da versatilidade do hip-hop em dias cinzentos e quadrados.


DAFT PUNK
ALIVE 2007

Volvidos 10 anos sobre a edição de Homework – e não ignorando a sua influência permanete sobre a música pop –, os inúmeros projectos que hoje em dia recuperam as ideias fundamentais de um determinado french touch que os Daft Punk souberam usar em beneficio próprio – e também como forma de afirmação de uma linguagem electrónica que, especialmente na França, sofria da falta de estilização e de inúmeras oportunidades comerciais – são indicadores não só das qualidades da produção de Thomas Bangalter e Guy-Manuel Homem-Cristo, mas também da capacidade de entendimento e perverção das regras elementares do mercado.
Por terem sido adversos a actuações ao vivo durante um bom par de anos e aproveitando a comemoração de 10 anos de carreira (que a colectânea Musique Vol. 1 1993-2005 simbolizou), a dupla, que muitos condenavam ao obscuro fracasso, soube inverter as reacções negativas do pós-Human After All e desafiaram-se a si próprios com um projecto live multimédia faraónico sem precedentes. O Coachella de 2006 foi o primeiro palco a assistir a este novo conceito de espectacúlo. Essencialemte acente na “pirotecnia” tecnológica e um sem número luzes, projectores, LED e de LCD, os Daft Punk iluminaram de forma majestosa a música de Homework, Discovery e Human After All. Um espectáculo soberbo que entusiasmou (portugueses incluídos) e que ainda entusiasma milhares de espectadores que, independentemente do gosto pela música da dupla, rumam a festivais para se rendem incondicionalmente a tão singular espectáculo visual.
Para espanto de muitos, e ao contrário da linearidade a que muita das actuações ao vivo de projectos electrónicos obriga, a música live dos Daft Punk vivia, e vive também agora em formato físico, da aparente contradição das estruturas e texturas elementares de cada um dos três álbuns de originais. Ou seja, a dupla, num esforço positivo de refrescamento musical, decidiu o encadeamento de temas (êxitos e não êxitos) que aparentemente pouco tinham em comum, sobrepondo-os, remisturando-os e recontextualizando-os. Oiça-se, por exemplo, a miscelânea de "Around The World" e "Harder, Better, Faster, Stronger" ou "Television Rules The Nation" e "Crescendolls" (um dos melhores momentos) para perceber como dois temas de discos diferentes têm alguns pontos comuns e que juntos formam um tema renovado e enérgico.
Alive 2007, gravado em Paris com particular sentimento, é indiscutivelmente um ponto positivo que simbolizará mais uma vitória na carreira dos Daft Punk, não só porque representa mais uma fase de experimentação artística, como se torna num marco que recordará para sempre uma nova forma de actuação ao vivo. Pena continua a ser a ausência de um registo visual em DVD que permita à memória a nostalgia do que deverá ter sido uma noite única na vida de muitos festivaleiros. Da música já muito se disse e dos espectáculos já muito se escreveu. Os Daft Punk deverão agora começar a idealizar o futuro, porque Alive 2007 marca o fim de mais um passo na vida de Thomas Bangalter e Guy-Manuel Homem-Cristo. E mais cedo ou mais tarde espera-se vida nova.


COBBLESTONE JAZZ
23 SECONDS
Vivemos num mundo complexo, cheio de nuaces em constante mutação, formas que se metamorfoseiam em novos feitios ou conceitos que se multiplicam para além do horizonte do entendimento. A própria condição humana força a constante transfiguração como resposta alternativa à estagnação. Não será de menosprezar a imaginação como instrumento vital na catalisação do processo. Criar é a palavra de ordem desde que a humanidade sentiu necessidade de instrumentos para facilitar as tarefas do dia a dia. Assim foi e assim haverá de continuar a ser até que a tecnologia deixe de ser a aliada ideal do homem.
Não se estranhe a volatilidade com que tudo muda à nossa volta. As inconstantes na equação aumentam, as probabilidades, por vezes, pouco valem como estatística ou voltímetro das energias criativas. A moda ou a música são, enquanto artes, pólos que sofrem alterações, evoluções e reformas estruturais. Talvez a arte se reconsidere mais vezes que a ciência que, como resultado do pragmatismo, observa na lógica matemática a única certeza num universo ainda por explorar.
Em 23 segundos seria completamente impossível resumir qualquer percurso. Em 23 segundos não seria sequer viável a exposição conveniente e convincente de todas as transformações por que a humanidade passou, muito menos equacionável o compêndio da história. No entanto será possível que os mesmos 23 impossíveis segundos possam ser, no reino da imaginação, o tempo suficiente para os delírios inteligentes que empacotam a essência humana numa fracção, a improvisação no acto instantâneo da criação ou a sensibilidade no instante de uma sexagésima parte de um minuto.
Assim poder-se-á entender o sentido que os Cobblestone Jazz empregam na viagem inaugural onde tempo e espaço comungam em promiscuidade com a faculdade de programar enquanto procuram alguma complexidade no acto de improvisar. 23 Seconds fará as maravilhas de quem tem do techno minimal a única explicação para os longos delírios de 10 temas. A verdade poderá ser diferente se se procurar outro pilar que, mesmo admitido de que se trata de um techno despojado de artifícios, possa explicar a existência de singular registo – onde também convivem o dub e o breakbeat – num universo de música inteligentemente erguida a partir da arte de concepção e improvisação do jazz. Para que não haja dúvidas, não se trata de jazz, mas sim da capacidade de organizar os sons no tempo e no espaço como talvez o jazz faria.
23 Seconds provem do Canadá e expõe em duas faces Danuel Tate, Mathew Jonson e Tyger Dhula como elementos produtores de uma obra de estúdio que respira liberdade conceptual – onde outros do mesmo meio poluem com frivolidades inconsequentes e incompetentes – e como manipuladores de novos conceitos techno/jazz ao vivo (inspiração Bugge Wesseltoft?). Em 23 Seconds o efeito hipnótico das espirais caleidoscópicas reserva momentos raros de transe onde a condição humana não é substituída por infindáveis ligações mecânicas ou bites e bytes em excessos repetitivos. 23 Seconds é em muitos aspectos a evolução da consequência do encontro da matemática sonora dos Metamatics (no início), da experiência techno-jazz humana de Jonah Sharp no Spacetime Continuum de Emit Ecaps e da sabedoria geométrica da velha escola IDM. Ou seja, uma consequência natural da mutação da memória e da destreza de alguma inovação. Um momento inteligente e complexo que servirá competentemente quem procura soltar as amarguras na pista de dança ou opta pelo sofá para espantar os espíritos alienígenas. Excelente.


BURIAL
UNTRUE
Todos reconhecemos que o hype que se cria em torno de um músico ou produtor nada facilita o processo criativo do mesmo. Talvez por isso, a superação do registo debutante é frequentemente uma dificuldade nata que tem na pressão um inimigo que corrompe o esforço que procura novos horizontes. E admitia-se que, amiúde, na falta de melhor entendimento para a necessidade de um novo caminho se opte por um trilho paralelo que conduza a música para uma realidade alternativa mas sem rupturas substanciais com o passado. Talvez se entenda como uma continuação, uma fuga da arte para um terreno pantanoso que permite o reconhecimento natural de percursos anteriores enquanto o tempo prepara novos azimutes.
No caso de Burial seria de esperar uma curiosidade ampliada e um entusiasmo exagerado em torno de Untrue. Admita-se, também, que a tarefa de suceder o álbum homónimo editado no ano passado não era tarefa fácil para quem assumiu uma posição de ruptura evidente com o status quo da música de dança electrónica. O próprio Burial admitiu numa entrevista recente essa mesma dificuldade de superar o material que calmamente criara entre 2000 e 2005: ”I've just been trying to get back to why I wanted to make tunes in the first place. The first one got slightly out of where it belonged, and I found it a bit difficult to just block things out and make tunes in a low key way again…”
Então como poderá ser encarado este segundo capitulo na vida de Burial? Com naturalidade ou com desconfiança? Cada cabeça será livre de procurar o significado para as novas ideias da forma mais conveniente já que Untrue permite varias leituras que vão desde o aproveitamento dos pressupostos iniciados em Burial à paralisia do verdadeiro seguimento dos primeiros trabalhos. Em análise profunda, e diga-se de boa verdade, Untrue não provoca o mesmo choque que o seu antecessor. Nem seria de esperar que a ruptura fosse muito evidente em tão pouco tempo. Untrue não difere substancialmente no conteúdo e na forma, antes procura aperfeiçoar as técnicas de produção com rebordos vocais mais luminosos e geometrias 2-Step mais evidentes. E nada disso soará mal nesta música que se mantém desusada no escalão do dub e repleta de marcas únicas de autor.
Com experiência adquirida, Burial produz um disco conceptual que simultaneamente procura pensar o futuro sem ignorar a matéria-prima que levou a sua música a ser elogiada por diversos quadrantes. O tom melancólico subsiste, mas sem repetições: as vozes soul, soberbas, deslizam tristemente pelo tempo num lamurio que adquire novas dimensões, as melodias reluzem uma beleza pós-apocaliptica e angustiada, os estalidos do vinil preenchem o espaço com inquietação, os baixos informes rugem com invulgar força vulcânica e as texturas rítmicas, longe dos paradigmas do dubstep, invocam o falso prazer físico e hedionista da pista de dança.
Com Untrue, Burial devolve com eloquência, e num tom ainda mais sedutor, a essência que nos apresentou há um ano e explora com entusiasmo o que a noite obscura e claustrofóbica de Burial não permitia de livre vontade. Ou seja, e procurando uma metáfora que ilustre todo o quadro criativo, se o disco de apresentação representava o universo urbano escuro, soturno e sem esperança, Untrue exibe os primeiros tons da alvorada - numa lenta fuga ao fusco fantasmagórico -, recupera os primeiros sentidos depois da ressaca rave e restitui a confiança num futuro que se julgava perdido no cataclismo inevitável. Nesse prisma a capa não deixará de fazer perfeito sentido quando sugere alguma bonança na breve pausa para um café de um vulto mergulhado no desgosto. E se extrairmos prazer "religioso" dessa imagem pesarosa, não será vergonhoso admitir que Burial produz mais um disco sumptuoso, não obstante a bem aventurada e vaidosa redundância que aqui tem todos os motivos para continuar a existir.


Neil Landstrumm
Restaurant Of Assassins

Para começar teremos de imaginar Benga, Skream, Leofah ou os Digital Mistikz na mesma caixa de ritmos que Altern 8, Shut Up And Dance ou Aphex Twin. Depois, para que tudo faça o mínimo sentido, abrir a mente a uma das mais complexas experiências electrónicas do ano, para no fim inalar a liberdade conceptual que Restaurant Of Assassins força no sistema respiratório. Talvez assim se comece a discernir a lógica do caos que Neil Landstrumm lança na vertigem entre o mundo da nano-tecnologia e a realidade virtual.
Restaurant Of Assassins é simultaneamente uma obra espantosa e complexa. Ou espantosamente complexa. É difícil ignorar uma das mais sombrias experiências do ano que, além de devolver a substância que alimentou as raves na era hardcore-techno, devolve a especulação às linguagens mais ambíguas da electrónica actual e, na simultaneidade com que regenera o equipamento tecnológico que gera o dubstep no vácuo, dobra as barreiras sonoras com impressionantes doses de bass distorcido pelo calor ou suga os baixos subsónicos para o vazio do espaço.
Com o desenrolar do tempo junta-se alguma perplexidade pela invulgar estética que aqui ineloquentemente desfila. Do interior do núcleo celular deste corpo híbrido e alienígena, implode um conjunto maquiavélico de partículas sonoras díscolas e aparentemente desorganizadas, em que a lógica poderá não ser a melhor expressão que designe Restaurant Of Assassins ou a mais indicada para entender o que leva tão impertinentes factos a conviverem com a necessidade de confusão, muitas vezes no mesmo tempo e no mesmo espaço. Diria que nesse caos reside o principal problema que não eleva este disco ao estatuto de facto estético. A precoce verborreia sonora resvala amiúde para a desconexão melódica e estrutural, fórmula quimica que os Altern 8 dominavam com perfeição.
As ideias validas de Rockers "The Underground King", Give Me Fire ou Bleep Biopsy contrapõem-se com a falta de delicadeza estética com que muitos dos temas se apresentam. Restaurant Of Assassins não deixará de ser um dos mais impressionantes corpos extraterrestres que aterraram neste terceiro calhau a contar do sol, mas alguma irracionalidade na distribuição das diversas energias deixa sobretudo perturbação e tumulto nas mentes que ouvem tamanha bizarria techno. No entanto a liberdade conceptual que o conjunto provoca não deixa de ser entusiasmante, isto se atendermos ao facto de muita electrónica actual padecer de um excesso de confiança na programação mais elementar. Talvez por esse motivo alguma mudança, por mais complexa, sombria, confusa e improvável que seja, é sempre bem vinda.


UNDERWORLD
OBLIVION WITH BELLS

A história não perdoa. Se nada faria supor o sucesso de Born Slippy/NUXX, nada faria querer que um tema pudesse ser tão ruinoso para um projecto que não ambicionava o estrelato do dia para noite. Um projecto com consciência da sua existência no universo, na sua essência, com capacidade de utilizar a matéria cósmica na busca profícua da luz num qualquer buraco do espaço. Um projecto que viu estilhaçado, por vontade própria, uma filosofia musical com potencial grandioso.
A intensidade de Dubnobasswithmyheadman (1994) semeava à sua passagem momentos voluptuosos onde a consciência bucólica encontrava o degrau para as imaginações épicas do sonho urbano. Sonho interrompido pela eficácia de um remistura que criou pólos magnéticos excessivos e que terá deixado a bússola de Karl Hyde, Rick Smith e Darren Emerson num frenético rodopio e sem azimute determinado.
O nervo conceptual e a mesma inspiração que tecera obras inesquecíveis como Sky Scraper, Dirty Epic ou Cowgirl, anos antes, diluía-se numa promiscuidade rítmica excessivamente hedeonista, distante do niilismo que Dubnobasswithmyheadman por vezes evocava. E embora nunca tenham produzido um mau disco, os dias de A Hundred Days Off (2002) acabaram por ser os momentos em que as almas de Rez tomaram consciência da ausência de estratégia para além das actuações ao vivo. Ausência essa que acabou por lançar a banda para um impasse que acabaria por se agudizar com a saída de Darren Emerson que, anos antes, dera novo e importante fôlego para a criação do sumptuoso Dubnobasswithmyheadman.
Agora em 2007, e aparentemente recuperados, Karl Hyde e Rick Smith aspiram à conciliação com o passado distante ou, num nível espiritual, com o possível desejo que deixaram escapar por entre os dedos da mão. Oblivion With Bells não é Dubnobasswithmyheadman, mas talvez seja o mais parecido no ângulo da concepção, na elaboração pragmática da sua sonoridade tipicamente densa, obscura e melancólica - com inspirações entre Eno, Nick Drake ou Can - ou na perseguição fugaz da gramática pop ou da semântica rock ou até mesmo na concepção gráfica da capa. É uma fórmula - com algumas sofisticações de Beaucoup Fish(1999) - que não deixará ninguém boquiaberto ou desejoso de exageradas audições. Nada como algumas escutas merecidas para que se redescubra a eloquência da construção épica que só mesmo o techno inexacto dos Underworld sabe gerar. Um regresso saudável aos dias da génese ou o fim declarado da resaca? O futuro dirá.
 
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    "Em geral, sempre que há¡ algo melhor, há também algo óptimo. Mas, dado que entre as coisas que existem, uma é melhor que outra, há também uma coisa óptima, e esta seria a divina. "
    Aristótles


    "De todas as artes que conseguem crescer no solo de uma dada cultura, a música é a última das plantas a germinar, talvez porque é a mais interiorizada, e, por conseguinte, aquela cuja época vem mais tarde é o Outono e a desfloração dessa cultura. A alma da Idade Média cristã encontrou a sua expressão mais acabada na arte dos mestres holandeses: a arquitectura musical por eles elaborada é a irmã póstuma, não obstante legí­tima e igual em direitos, da arte gótica. Foi na música de Haendel que tomou forma musical aquilo que de melhor havia na alma de Lutero e dos seus, esse acento judaico-hebráico que deu á Reforma um certo ar de grandeza: o Antigo Testamento faz música, o novo não. Mozart, o primeiro, restituiu em metal soante todas as aquisições do século de Luí­s XIV e a arte de um Racine e de um Claude Lorrain. Há na música de Beethoven e de Rossini que a melodiosamente respira o século de XVIII, o século do devaneio, do ideal destruído, da fugaz felicidade. Toda a verdadeira música, toda a música original, é um canto do cisne. Talvez a nossa música moderna, seja qual for o seu império, e a sua tirania, tenha diante de si apenas um curto espaço de tempo, porque surgiu de uma cultura cujo solo minado rapidamente se afunda, de uma cultura que em breve será¡ absorvida."
    Friedrich Nietzsche In Nietzsche Contra Wagner.


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